quarta-feira, 19 de março de 2008


Sentia-me leve, solta, estranhamente bonita e encantada.
Sentia o calor do sol escorregando pelo corpo despido de angústia, era tudo tão belo, tão delicioso. Era perfeito ver-te brincar com os meus leves caracóis, era perfeito ver-te o sorriso no rosto.
Sentia o poder nas mãos, sentia paz no teu toque, sentia tanto amor e tanta esperança, em cada gargalhada solta, que esvoaçava no vento sem barreiras e sem rupturas.
Recordei horas, dias e meses vivendo na plenitude da vida, mas hoje, o pano caiu, a tinta borrou o quadro que de amarelo, rosa, azul, vermelho, verde, passou a um simples preto, tão preto que não vejo o teu rosto colado no meu, que não sinto a tua mão presa na minha, que o teu olhar já não corta fugazmente o meu.
Queria tanto que sentisses como estou quente de amor, como estou bonita para ti, queria sentir que gostas da minha boca vermelha, chamando a tua, dos meus olhos cintilando de carinho pelos teus. Queria tanto que me dissesses que eu valho tudo o que sou, que mereço luta, que mereço paixão e que ninguém mais pode ser tão perfeita quanto eu!

Juliana Ferreira