sábado, 6 de setembro de 2008

Ausencia


Porque é que partiste na minha ausência,
deixando um bilhete em branco?
Juliana Ferreira

Da-me forma!


Faz de mim tua mulher.
Pinta-me da cor que queres,
Desenha cada traço meu como tanto desejas,
dá-me uns olhos, um nariz e uma boca à tua medida,
e molda o meu corpo perfeitamente segundo a tua perfeição.
Realça as formas, as ondas do cabelo e a sua cor.
Dá-me vida segundo a tua vontade,
cria em mim a mulher perfeita,
a mulher que ocupe os teus dias, de forma radiante,
que te faça feliz (como eu não faço).
Aqui estou eu nua e desprovida de sentimentos,
cria-me e faz-me crescer.
Faz de mim aquilo que sempre desejaste,
Faz de mim tua mulher!

Juliana Ferreira

Caminhando

O caminho da felicidade é esbatido e sem cor,

os ruídos que se fazem ouvir, fazem temer

e a vontade de desistir e cada vez maior.

A escuridão tapa-nos a vista e faz prever

as trevas que nos ameaçam.

Os pés gelam do frio e as pernas tremem de medo,

os olhos arregalados e escuros, ficam atentos a cada ruído

que o ouvido escuta, a boca transpõe suspiros de angústia,

e o corpo anoréctico luta contra a vontade de parar.

Quando decidimos percorrer este caminho

é-nos dado uma vela, uma luz, que nos ilumina e conforta,

a vela é pequena, e o pavio curto, é necessário protege-la

do vento que se faz sentir a cada passo dado, e da noite escura,

que com ela traz pequenas gotas de água, como se chorasse desesperadamente.

É preciso proteger a vela, acima da nossa protecção,

quem a perder, arrisca-se a emaranhar-se no labirinto da vida,

e morrer sem nunca encontrar o sol que a pequena vela sempre prometeu.

Juliana Ferreira