sábado, 11 de agosto de 2007

Momentos de cansaço


Hoje apetece-me, gritar com o mundo, fazer uma fita de menina birrenta e dizer-lhe umas quantas coisas feias. 
Apetece-me esmurra-lo até perder as forças e cair inanimada no chão.
E quero soltar toda esta ira contida dentro do meu peito, gritando-te bem dentro do ouvido, para ver se acordas e me encontras definitivamente.
E no fim chorando ou rindo de emoção quero cair na cama exausta, e dormir num sono leve e descansado.

Juliana Ferreira

Tive vontade


Hoje tive vontade de me meter no bolso, de te atar ao pulso com um cordel e poder olhar-te para sempre. 
Tive uma imensa vontade de te agarrar, de te puxar pelo braço e levar-te para casa.
Hoje senti a falta do teu rosto no meu e tive vontade de te roubar para mim, de te guardar dentro da minha gaveta especial e todos os dias poder tocar-te. Tive vontade de dormir contigo, de te dar a mão e sorrir-te feliz, de olhar para trás e sentir o calor do teu abraço. Hoje mais que ontem e menos que manha tive vontade de te possuir, sim, vontade de te consumir, de te apertar junto ao peito, gritando: Tu e eu, somos nós!
Vontade de construir o meu mundo contigo, fazendo dele o nosso, e vontade de te amar em cada esquina, de te tatuar na perna, no braço, no corpo inteiro...
Hoje tive vontade de que tudo se mantivesse como um dia foi.

Juliana Ferreira

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

A solidão da morte



Sinto o corpo leve, abro os olhos e deparo-me com o céu, mesmo alcance da minha mão. 
Não é um sonho, eu estou mesmo cá em cima. Tenho um vestido branco, sobre o corpo, e os cabelos soltos ao sabor do vento. 
Quando olho para baixo vejo uma imensidão de gente, em redor de um corpo pálido e sereno com o olhar cristalino e reconheço cada traço daquele rosto, é o meu.
O ar é pesado e mal consigo respirar, as pessoas choram e agarram a minha mão morta.
Estão inconformados com a minha partida, mas no entanto eu estou ali e tento toca-los, dizer-lhes que não morri. Quero muito abraçar as pessoas que amo e quero que eles consigam visualizar o meu sorriso, só que ninguém me sente, nem se manifesta perante o meu chamamento e pela primeira vez tenho saudades da vida!

Juliana Ferreira

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Longe do sol


O caminho é longo e eu fiquei de o terminar.
O sol foge de mim e eu insisto em procura-lo em cada canto escuro.  Sonho em poder toca-lo e mete-lo dentro do bolso. Tenho os pés calejados, não sei se pelo caminho, se pela angustia de ainda caminhar.  Tenho o rosto cansado e a pele envelhecida das lágrimas caídas, talvez do frio que me corta a respiração.
O velho lenço está roto de tanta vez ser usado e só a minha alma continua intacta, por pouco tempo, é certo. 
Ao meu lado vejo a lua, seguindo-me em cada passo dado e rindo-se de mim, por cada vez que tropeço e e que esfolo mais um pouco o joelho.
Tento chorar de dor mas as lágrimas secaram, tento gritar de angústia mas a voz, essa está presa há muito tempo.
Olho para trás e não vejo ninguém.
Lá longe ainda consigo ouvir o riso das crianças, limito-me a imaginar como será ver o sol e senti-lo no corpo. Houve alturas em que o senti, em que o entendia, mas a memória começa a falhar e agora só imaginando é que eu me aproximo da realidade.
Estou num caminho escuro, por vezes seco e grotesco, por outras vezes frio e implacável. E tento resistir a cada armadilha. Quantas foram as vezes em que pensei ter chegado ao fim, e só quando senti o mundo desabar em cima do meu frágil corpo, tomei consciência que o inicio só agora começou.

Juliana Ferreira

Consegui.


Hoje sorri outra vez. Consegui!
Sorri cheia de vontade, e sorri mesmo.
E amanha posso perder todos os motivos para o fazer de novo, mas hoje consegui!

Juliana Ferreira

Liberta-me


Liberta-me das amarras da vida,
da brisa fria do vento e do calor intenso do sol.
Liberta-me do panico do futuro,
da vida suja e medíocre.
Liberta-me das lagrimas de saudade,
e solta-me as palavras trancadas na mente.
Liberta-me os braços fechados,
e o sorriso preso no passado.
Liberta-me do medo de acordar,
da vida simples e deixa-me voar.
Liberta cada membro do meu corpo,
e faz-me dançar pra sempre.
Liberta-me desse teu perfume,
das tuas mãos nas minhas.

Liberta-me ... de ti.

Juliana Ferreira

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Ate um dia


Fiz as malas e estou a ir embora.
Vou-me refugiar num mundo só meu e não sei quando volto.


Ate um dia!

Juliana Ferreira

Facil



Foi tão fácil entregar-te a minha alma e deixar-me levar pelo que sentia.
Foi tão fácil gostar de ti e tocar-te verdadeiramente. Foi ainda mais fácil para ti chegar cá dentro e sem saber bem o que se estava a passar, nunca pensei neste momento.
Foi tão fácil sorrir de felicidade, chorar de saudade e dar-te a mão com força.
Foi tão fácil querer estar contigo e desejar sempre mais, sonhar mais alto. Foi fácil viajar num futuro perfeito.
Foi tão fácil abraçar-te com força e querer ficar sempre assim, olhar-te nos olhos sentindo o peito desabrochar.
E agora é tão fácil ver que tudo foi fácil demais e como tal também o fim foi facílimo.


Juliana Ferreira

Gestos




São os simples gestos, aqueles que falam por si. São simples caricias que nos despertam os sentimentos.
E em cada momento especial, deixamos-nos levar por sensações acordadas que viviam num fundo de nós. 
E quando tudo se limita ao gesto, degolando tantas outras palavras, sustentando um silêncio agradável a nossa alma aquece, flameja e derrama tanta sede de caricias, como aquelas que queremos dar.
E pedimos mais e sempre mais, sentindo um consolo desmedido, esquecendo as passivas palavras.
Ficamos pela fúria de sentir cada gesto, querendo agarra-lo, aperta-lo e embebidos em carinho, tornamos-nos dependentes, não das palavras mas do toque, do olhar, do beijo.
E quando termina, ficamos esperando impacientemente pelo dia em que nos toquem de novo a alma, com gestos delicados e ardentes.

Perdi-a


Perdi-a entre risos infundados e gargalhadas ensurdecedoras,

Entre sonhos ausentes e olhares invisíveis.

Perdi-a por entre paixões estranhas e vontades vivas,

por entre lágrimas derramadas e gritos mudos.

Perdi-a entre futuros vividos e passados relembrados.

Entre caricias doces e sorrisos ternurentos.

Perdi-a sem dar conta, sem saber como e porquê,

quando olhei já não estava la!

Perdi-a por entre medos de a perder e receios de a esquecer,

por entre sentimentos soltos e mãos suadas.


Perdi, perdi a flor que tu me deste.

Juliana Ferreira