quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Longe do sol


O caminho é longo e eu fiquei de o terminar.
O sol foge de mim e eu insisto em procura-lo em cada canto escuro.  Sonho em poder toca-lo e mete-lo dentro do bolso. Tenho os pés calejados, não sei se pelo caminho, se pela angustia de ainda caminhar.  Tenho o rosto cansado e a pele envelhecida das lágrimas caídas, talvez do frio que me corta a respiração.
O velho lenço está roto de tanta vez ser usado e só a minha alma continua intacta, por pouco tempo, é certo. 
Ao meu lado vejo a lua, seguindo-me em cada passo dado e rindo-se de mim, por cada vez que tropeço e e que esfolo mais um pouco o joelho.
Tento chorar de dor mas as lágrimas secaram, tento gritar de angústia mas a voz, essa está presa há muito tempo.
Olho para trás e não vejo ninguém.
Lá longe ainda consigo ouvir o riso das crianças, limito-me a imaginar como será ver o sol e senti-lo no corpo. Houve alturas em que o senti, em que o entendia, mas a memória começa a falhar e agora só imaginando é que eu me aproximo da realidade.
Estou num caminho escuro, por vezes seco e grotesco, por outras vezes frio e implacável. E tento resistir a cada armadilha. Quantas foram as vezes em que pensei ter chegado ao fim, e só quando senti o mundo desabar em cima do meu frágil corpo, tomei consciência que o inicio só agora começou.

Juliana Ferreira

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