quinta-feira, 26 de julho de 2007

A minha infinita espera


Sentada no vão da escada vou sentido o vento soprando-me nos cabelos, e com os olhos húmidos das lágrimas que teimam em cair procuro-te lá longe.
Anseio avistar de novo a tua silhueta, na sombra e ouvir a tua voz dizendo que voltaste para sempre, por breves instantes julgo que tudo é real.
Levanto-me calmamente, sacudo o vestido que comprei só para ti, e num ápice corro para os teus braços abertos que sempre tão bem me acolheram. Choro muito, compulsivamente, desejando que este momento nunca acabe.
E tu, na tua calma habitual, com o sorriso ao qual já sei responder, beijas-me na testa. Um beijo tão doce e suave, como só tu sabes dar. 
E de mãos dadas percorremos o nosso caminho de emoções, o caminho que só tu sabes encontrar e no qual me desejo perder.
Solto o cabelo, olho atentamente para o teu rosto, percebo como és tão bonito, como és tão miúdo e sinto como te desejo. Tapo o rosto de vergonha e corada continuo a andar rapidamente. E quando olho para trás vejo-te correr para mim, numa brincadeira de crianças em que teimo fugir enquanto tu corres para me abraçar. Só que vais ficando cada vez mais longe, tão longe de mim e não chegas nunca. 
Eu abrando o passo, eu paro com esperança que me pegues, mas agora já nem te avisto, já não sinto a tua mão nem o teu rosto, e pergunto-me, porquê desististe tu de me apanhar? 
Eu não soltei a minha mão da tua... Tudo o que queria era que me seguisses, mas tu não vieste!
E agora no mesmo vão de escada gasto do tempo, com o mesmo vestido velho e amarrotado dos anos, vou soltando as mesmas lágrimas secas aguardando-te na minha infinita espera.
E na minha cara já enrugada perdura sempre a mesma questão,~
Porque não voltaste tu?

Juliana Ferreira

1 comentário:

O doentio universo feminino disse...

Confesso que foi o texto que mais m e preencheu ate hoje, foi um suspiro da alma, e quando dei por mim, ja o tinha feito, sem saber ao certo , o que se tinha passado. Espero sinceramente que gostem,que sintam tanto prazer em le-lo, como eu senti a escreve-lo!

Juliana