domingo, 11 de novembro de 2007

Dominio da vida!



No infinito domínio da vida, sob a nossa condição, enfraquecida de ser humano, sinto o medo estranho, da decadência animal.
Sinto o pânico por entre as veias que palpitam de emoção e que estremecem de nervosismo, o simples acto da não evolução e ficar perdida assim, entre lembranças passadas e sentimentos vividos de uma maneira única e exclusiva.
E parar no tempo como se ele me impedisse de progredir, quero ser mais, anseio pelo valor da idade e da experiência, quero as rugas na cara, mas quero sobretudo crescer, aprender infinitamente e sentir-me pronta a encarar a vida olhos nos olhos. Quero esmaga-la contra o chão e mostrar quem manda. 
Mas a verdade é que o estímulo teima em desaparecer, em esfumar-se perante o sol e eu na estúpida tentativa de o agarrar entre os dedos deixo-me cair redonda no chão. E sangro ao ver como sou tão inútil, como a vida brinca comigo sem deixar sequer eu brincar com ela. Deixo-me varrer pela angústia que cruelmente me é imposta sem sequer possuir argumentos suficientemente fortes para me fazer valer!
Juliana Ferreira

Procuro


Procuro entre lágrimas soltas e sorrisos perdidos  aquilo que ferozmente não encontro.

Procuro no fim da luz no profundo escuro, por entre vozes que fervem de angústia, sem querer encontro tudo tão diferente, procuro em cada esquina, em cada olhar frio, a tua infinita presença, sem rodeios e medos, mas não encontro. E insisto em te procurar, em encontrar a tua marca física que me sufoca e procuro em jardins, em portas fechadas, em escadas gélidas, em armários esquecidos mas tu não estas!
Procuro no fundo de ti, num fundo de mim, no fundo de nós mas o calor que me aconchega, que me sustenta, que me ilumina é só meu. E de longe sinto a falta da tua chama imensa que ofuscava a minha, sem receio de parecer mal, sem medo de me atirar para um canto num gesto cruel da tua existência.
Hoje canso-me de procurar essa luz infinita, que outrora me iluminava, para encontrar uma sobra que existe sem se notar!
Juliana Ferreira

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Lamento


Sinto o esvoaçar da tua alma tocando-me tão brevemente.

Tínhamos os mundo na mão cheio de promessas tecidas,

sorrisos cheios de carinho, puro e real.

Tínhamos a vida ao nosso alcance, tínhamos o conforto dos nossos corpos

a nossa ambição em nos tornarmos reais.

Sinto o breve toque das tuas lágrimas, no meu rosto,

sinto o teu sorriso, outrora feliz cheio de magoa,

ouço promessas sabendo que será impossível realiza-las,

prometo-te e afasto os teus medos.

Partes comigo, em cada traço do meu rosto,

pertences-me de maneira tão profunda que te sinto em cada gesto.

Tínhamos tanto para dizer e tanto ficou por falar.

Tivemos o medo de saltar juntos e agora, juntos estamos partilhando a mesma dor da solidão!

Se tudo fosse fácil, eu não sentiria as palavras presas, provocando uma dor aguda, insuportável de sustentar.

Juliana Ferreira

Memórias



Observo-te através do vidro, o teu sorriso tão calmo e tão sereno,


faz-te parecer leve e brando!


Brincas com o meu cabelo tão gentilmente que tremo sem querer.


Sinto o teu calor e os teus olhos penetrando nos meus,


se ao menos eu te pudesse falar!


Apertas-me com tanta força contra ti,


que sinto o corpo a ceder, procuras algo,


que eu tenho medo de te dar!


Sinto o medo, sinto a fúria ardendo em cada um de nós,


cada segundo que passa torna-se um tormento,


um facto de que o fim está próximo.


Queria todas as certezas que preciso, queria olhar,


sorrir tão levemente, tão calmamente, como só tu sabes fazer.


Mas a tranquilidade não chega à minha alma,


Esbarra contra o muro físico que nos impede de nos tocarmos.


A mesma barreira que nos torna em algo indefinido.


Se ao menos tivéssemos a chance de tentar!

Juliana Ferreira

domingo, 23 de setembro de 2007

All apologies



Sinto que cada erro que fazes se torna visível na minha pele,

sinto queimar os meus olhos, sinto arder o peito sem cessar.

Uma ferida aberta que me mata de dor,

que consome devagar a alma,

que fere sem piedade a minha infundada esperança.

Todas as desculpas, sinto que nada disto faz mais sentido,

sinto o mundo a desfalecer de indignação,

sinto o chão a fugir-me debaixo dos pés descalços

e doridos da longa caminhada.

Queria-te poder olhar nos olhos,

e estar tão certa que nós somos perfeitos juntos,

mas não estou, não o sinto, não o quero.

E mais uma vez tenho esta raiva a explodir-me pelas veias,

cansada de perder o controlo do que achava certo,

dou por mim ferida e cansada de lutar pelo que está longe.

A distância entre nós não é meramente física, há todo um ser,

todo um conjunto de sentimentos e

princípios que divergem cada vez mais.

E por muito que tentemos, não nos conseguimos unir.

Queria, verdadeiramente ser eu a proteger-te,

a manter-me firme, quando todos à nossa volta acabam por cair.

Alimento cada dia que passa a esperança das promessas feitas.

Tudo em nós se tornou irreversível e já nada poderá voltar atrás.

Agora debaixo de todo este fogo cruzado, de limitações impostas,

e de consciências pesadas, eu digo,

não sei se quero mais!

Juliana Ferreira

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Não afastes os teus olhos dos meus


Pega no meu braço com força, pega!

Faz-me doer, marca-o com tanta força,

que nunca mais me esquecerei o que é sentir a tua mão

presa em mim.

Não olhes pra trás, olha pra mim,

não penses no amanhã, nem do que se passou ontem.

Fica aqui, agora, puxa-me, prende-me, guarda-me.

Não digas adeus, nunca é tarde.

Não me peças para não chorar, quando tu próprio o queres fazer.

Sentes? Consegues sentir o mesmo nó

no estômago? Aquele, que faz o coração parar e sair dos olhos um jacto de agua,

impossível de controlar?

Eu sinto!

Juliana Ferreira

domingo, 9 de setembro de 2007

Juntos


Senti um nó no estômago, senti o pulsar do sangue nas minhas veias, senti o coração ardendo, quando me cantaste baixinho ao ouvido "You're so pretty in white."

Senti uma vontade imensa de soltar as lágrimas presas, queria gritar, gerar uma bola de energia que te fizesse calcular a enorme emoção que estava a sentir. Desejei mais que nunca ficar ali, sentada ao teu lado, ouvindo-te cantar para só mim.

Foi como se mundo estivesse ao alcance de um simples sopro e com ele iríamos criar tudo o que prometemos, promessas mutuas, que nos levaram a sonhar, vamos brincar com a enorme bola azul, vamos contar historias, vamos escreve-las e voltar a rescreve-las.

Desejei mais que nunca confiar em ti, desejei sentir protecção nas palavras que dizias, desejei que me raptasses, como tantas vezes me disseste.

Eu prendia-te com um cordel ao meu pulso, levaria-te dentro bolso e sempre que sentisse a necessidade de estar segura, olharia para ti, sorrindo.

Falamos tanto, sonhamos tanto, eu hoje acredito que tudo se irá realizar, que teremos os 3 filhos e o cão. Ainda te lembras das gargalhadas que demos quando falaste nesse assunto?
Eu senti os teus olhos a flamejarem de emoção, senti as tuas mãos quentes apertando as minhas e com um beijo selámos a promessa que este seria o primeiro de tantos outros encontros.

Juliana Ferreira

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Especial


"O coração, se pudesse pensar, pararia."
"Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do abismo. Não sei onde me levará, porque não sei nada. Poderia considerar esta estalagem uma
prisão, porque estou compelido a aguardar nela; poderia considerá-la um lugar de sociáveis, porque aqui me encontro com outros. Não sou, porém, nem impaciente nem comum. Deixo ao que são os que se fecham no quarto, deitados moles na cama onde esperam sem sono; deixo ao
que fazem os que conversam nas salas, de onde as músicas e as vozes chegam cómodas até mim. Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero.
Para todos nós descerá a noite e chegará a diligência. Gozo a brisa que me dão e a alma que me deram para gozá-la, e não interrogo mais nem procuro. Se o que deixar escrito no livro dos viajantes puder, relido um dia por outros, entretê-los também na passagem, será bem. Se não o lerem, nem se entretiverem, será bem também."

Livro do desassossego- Fernando Pessoa

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Momentos inesqueciveis

Passei aqui só para dizer "Olá",
Abri a porta e a tua casa estava só, abandonada e estranhamente sombria.
Entrei, sabia que tu estavas mais uma vez refugiado num canto qualquer,
sentia-te presente em cada parede, em cada quadro, era tudo tão teu que me arrepiava.
Deitei um breve olhar em tudo, toquei mais uma vez nos moveis escuros,
no sofá, reparei na papelada acumulada sobre a pequena mesa,
saltando-me a vista uma revista cheia de rascunhos e desenhos carinhosos.
Sabia perfeitamente para quem os tinhas feito e com quem tinhas tido aquela "conversa",
entre gargalhadas e palavras soltas. Foi comigo!
Fiz um esforço, tinha que me concentrar em te encontrar,
afinal estavas emaranhado no teu mundo e não sabias como sair.
Encontrei-te em frente à secretaria, com a cabeça caída,
soltavas pequenos soluços que só eu conseguia ouvir, olhaste para mim,
e num tremendo esforço tentaste sorrir em vão.
Nesse momento soltaste um grito de fúria perante a tua incapacidade
de me encher o coração, sabias que era preciso tão pouco.
E mais uma vez pegaste num pedaço de papel e com a tua velha mão a tremer
desenhaste o mais bonito sorriso que algum dia eu já tinha visto.

Juliana Ferreira


segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Cartas de amor

Todas as cartas de amor são


Ridículas.


Não seriam cartas de amor se não fossem


Ridículas.




Também escrevi em meu tempo cartas de amor,


Como as outras,


Ridículas.




As cartas de amor, se há amor,


Têm de ser


Ridículas.




Mas, afinal,


Só as criaturas que nunca escreveram


Cartas de amor


É que são


Ridículas.




Quem me dera no tempo em que escrevia


Sem dar por isso


Cartas de amor


Ridículas.




A verdade é que hoje

As minhas memórias


Dessas cartas de amor


É que são


Ridículas.




(Todas as palavras esdrúxulas,


Como os sentimentos esdrúxulos,


São naturalmente


Ridículas.)




-Alvaro de Campos

Amor


"Não sei por que te amei este modo tão improvavel de amar, ao primeiro olhar. Sorriste, lembras-te?, como uma vaga que arrasta tudo em redor e não reparaste sequer em mim. Nesse instante descobri que o que procurava estava ali a dois passos, em ti- eras tu. Poderia ter evitado tudo isto, ignorar que te vi, fazer parar a vida. Mas, dessa vez, fui no teu encalço sem me interrogar se devia. Era a minha vez.
Antes de te encontrar, julgava que tinha de haver em cada amor uma razão que fosse essencial conhecer. Mais tarde dei-me conta de que, afinal, o mais belo amor é o que não tem nenhuma. Basta um corpo, um sorriso, uma forma qualquer de estar, para ele acontecer.
Hoje sei que o que importa quando se ama é amar simplesmente, amar sempre, à revelia das razões que estorvam, dos medos que proibem. É esse o mais belo amor, de onde vem, para onde me leva, já não quero saber"


Rui Vicente

O esplendor da idade


Um dia quero ter 100 anos, quero ter a cara marcada com rugas que evidenciam a minha vivência, Quero ter aquele olhar pequenino mas cheio de brilho e um sorriso cheio de vitalidade.
Quero ter o cabelo branco, todo branco (como da minha avó), macio e cheiroso, para que me possam pentear em longos dias de conversas.
Quero contar as historias da minha vida, as minhas historias de encantar, e com meninos ao colo, quero ainda saber sonhar.
Quero passar os dias sentada num velho sofá com os óculos na mão, quero ler, quero poder aprender e esquecer que a morte se aproxima.
Quero sorrir para vida, quero passear de mãos dadas com ela, quero fazer aqueles bolos, quero receber beijinhos lambuzados, quero ouvir o riso de quem amo e escutar as palavras de amor. Quero receber pedidos de abraços e fazer aquele chocolate quente, que tantas vezes eu pedi, quero passear no jardim cheio de flores, quero corricar entre brincadeiras.
Quero aprender a viver de verdade.

Juliana Ferreira



As meus avós, que tanto amei e continuo amar, pelo carinho que sempre recebi, porque me arrependendo amargamente das vezes que queria dizer, mas não disse, "Avó eu gosto muito de ti".

domingo, 12 de agosto de 2007

Fuga


Hoje vou fugir de casa, vou pegar na mala e sair à descoberta.
Vou ser só eu e a minha alma, vou conhecer a vida lá fora, vou perder o medo e lançar-me ao desconhecido.

Hoje vou fugir de mim e cansada de sempre o ser, vou criar outra pessoa, vou adquirir outro nome, outra historia. Vou inventar o meu futuro e como se tivesse o poder de Deus, nunca morrerei.

Quero-me perder entre os prazeres da vida, e quando regressar à minha pessoa, chegarei mais perfeita, mais completa, terei outro aspecto, outro sorriso cheio de malícia. Serei capaz de lutar, de cair e levantar-me sem dificuldade.

Vou ter o mundo nas mãos!

Juliana Ferreira

sábado, 11 de agosto de 2007

Momentos de cansaço


Hoje apetece-me, gritar com o mundo, fazer uma fita de menina birrenta e dizer-lhe umas quantas coisas feias. 
Apetece-me esmurra-lo até perder as forças e cair inanimada no chão.
E quero soltar toda esta ira contida dentro do meu peito, gritando-te bem dentro do ouvido, para ver se acordas e me encontras definitivamente.
E no fim chorando ou rindo de emoção quero cair na cama exausta, e dormir num sono leve e descansado.

Juliana Ferreira

Tive vontade


Hoje tive vontade de me meter no bolso, de te atar ao pulso com um cordel e poder olhar-te para sempre. 
Tive uma imensa vontade de te agarrar, de te puxar pelo braço e levar-te para casa.
Hoje senti a falta do teu rosto no meu e tive vontade de te roubar para mim, de te guardar dentro da minha gaveta especial e todos os dias poder tocar-te. Tive vontade de dormir contigo, de te dar a mão e sorrir-te feliz, de olhar para trás e sentir o calor do teu abraço. Hoje mais que ontem e menos que manha tive vontade de te possuir, sim, vontade de te consumir, de te apertar junto ao peito, gritando: Tu e eu, somos nós!
Vontade de construir o meu mundo contigo, fazendo dele o nosso, e vontade de te amar em cada esquina, de te tatuar na perna, no braço, no corpo inteiro...
Hoje tive vontade de que tudo se mantivesse como um dia foi.

Juliana Ferreira

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

A solidão da morte



Sinto o corpo leve, abro os olhos e deparo-me com o céu, mesmo alcance da minha mão. 
Não é um sonho, eu estou mesmo cá em cima. Tenho um vestido branco, sobre o corpo, e os cabelos soltos ao sabor do vento. 
Quando olho para baixo vejo uma imensidão de gente, em redor de um corpo pálido e sereno com o olhar cristalino e reconheço cada traço daquele rosto, é o meu.
O ar é pesado e mal consigo respirar, as pessoas choram e agarram a minha mão morta.
Estão inconformados com a minha partida, mas no entanto eu estou ali e tento toca-los, dizer-lhes que não morri. Quero muito abraçar as pessoas que amo e quero que eles consigam visualizar o meu sorriso, só que ninguém me sente, nem se manifesta perante o meu chamamento e pela primeira vez tenho saudades da vida!

Juliana Ferreira

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Longe do sol


O caminho é longo e eu fiquei de o terminar.
O sol foge de mim e eu insisto em procura-lo em cada canto escuro.  Sonho em poder toca-lo e mete-lo dentro do bolso. Tenho os pés calejados, não sei se pelo caminho, se pela angustia de ainda caminhar.  Tenho o rosto cansado e a pele envelhecida das lágrimas caídas, talvez do frio que me corta a respiração.
O velho lenço está roto de tanta vez ser usado e só a minha alma continua intacta, por pouco tempo, é certo. 
Ao meu lado vejo a lua, seguindo-me em cada passo dado e rindo-se de mim, por cada vez que tropeço e e que esfolo mais um pouco o joelho.
Tento chorar de dor mas as lágrimas secaram, tento gritar de angústia mas a voz, essa está presa há muito tempo.
Olho para trás e não vejo ninguém.
Lá longe ainda consigo ouvir o riso das crianças, limito-me a imaginar como será ver o sol e senti-lo no corpo. Houve alturas em que o senti, em que o entendia, mas a memória começa a falhar e agora só imaginando é que eu me aproximo da realidade.
Estou num caminho escuro, por vezes seco e grotesco, por outras vezes frio e implacável. E tento resistir a cada armadilha. Quantas foram as vezes em que pensei ter chegado ao fim, e só quando senti o mundo desabar em cima do meu frágil corpo, tomei consciência que o inicio só agora começou.

Juliana Ferreira

Consegui.


Hoje sorri outra vez. Consegui!
Sorri cheia de vontade, e sorri mesmo.
E amanha posso perder todos os motivos para o fazer de novo, mas hoje consegui!

Juliana Ferreira

Liberta-me


Liberta-me das amarras da vida,
da brisa fria do vento e do calor intenso do sol.
Liberta-me do panico do futuro,
da vida suja e medíocre.
Liberta-me das lagrimas de saudade,
e solta-me as palavras trancadas na mente.
Liberta-me os braços fechados,
e o sorriso preso no passado.
Liberta-me do medo de acordar,
da vida simples e deixa-me voar.
Liberta cada membro do meu corpo,
e faz-me dançar pra sempre.
Liberta-me desse teu perfume,
das tuas mãos nas minhas.

Liberta-me ... de ti.

Juliana Ferreira

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Ate um dia


Fiz as malas e estou a ir embora.
Vou-me refugiar num mundo só meu e não sei quando volto.


Ate um dia!

Juliana Ferreira

Facil



Foi tão fácil entregar-te a minha alma e deixar-me levar pelo que sentia.
Foi tão fácil gostar de ti e tocar-te verdadeiramente. Foi ainda mais fácil para ti chegar cá dentro e sem saber bem o que se estava a passar, nunca pensei neste momento.
Foi tão fácil sorrir de felicidade, chorar de saudade e dar-te a mão com força.
Foi tão fácil querer estar contigo e desejar sempre mais, sonhar mais alto. Foi fácil viajar num futuro perfeito.
Foi tão fácil abraçar-te com força e querer ficar sempre assim, olhar-te nos olhos sentindo o peito desabrochar.
E agora é tão fácil ver que tudo foi fácil demais e como tal também o fim foi facílimo.


Juliana Ferreira

Gestos




São os simples gestos, aqueles que falam por si. São simples caricias que nos despertam os sentimentos.
E em cada momento especial, deixamos-nos levar por sensações acordadas que viviam num fundo de nós. 
E quando tudo se limita ao gesto, degolando tantas outras palavras, sustentando um silêncio agradável a nossa alma aquece, flameja e derrama tanta sede de caricias, como aquelas que queremos dar.
E pedimos mais e sempre mais, sentindo um consolo desmedido, esquecendo as passivas palavras.
Ficamos pela fúria de sentir cada gesto, querendo agarra-lo, aperta-lo e embebidos em carinho, tornamos-nos dependentes, não das palavras mas do toque, do olhar, do beijo.
E quando termina, ficamos esperando impacientemente pelo dia em que nos toquem de novo a alma, com gestos delicados e ardentes.

Perdi-a


Perdi-a entre risos infundados e gargalhadas ensurdecedoras,

Entre sonhos ausentes e olhares invisíveis.

Perdi-a por entre paixões estranhas e vontades vivas,

por entre lágrimas derramadas e gritos mudos.

Perdi-a entre futuros vividos e passados relembrados.

Entre caricias doces e sorrisos ternurentos.

Perdi-a sem dar conta, sem saber como e porquê,

quando olhei já não estava la!

Perdi-a por entre medos de a perder e receios de a esquecer,

por entre sentimentos soltos e mãos suadas.


Perdi, perdi a flor que tu me deste.

Juliana Ferreira

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Foi tempo demais




Foi tempo demais que esperei sentada a porta do teu mundo aguardando um sinal teu. E bati inúmeras vezes, tentei arromba-la sempre com a esperança de um dia conseguir, mas tu não abriste... Nem a tua porta se mexeu, e eu cansada de esperar, de lutar sozinha por "isto" ,que era de ambos desisti, virei as costas e estou a ir embora!

Juliana Ferreira

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Que música escutas tão atentamente


Que música escutas tão atentamente
que não dás por mim?
Que bosque, ou rio, ou mar?
Ou é dentro de ti
que tudo canta ainda?
Queria falar contigo,dizer-te apenas que estou aqui,
mas tenho medo,
medo que toda a música cesse
e tu não possas mais olhar as rosas.
Medo de quebrar o fio
com que teces os dias sem memória.
Com que palavras
ou beijos ou lágrimas
se acordam os mortos sem os ferir,
sem os trazer a esta espuma negra
onde corpos e corpos se repetem,
parcimoniosamente, no meio de sombras?
Deixa-te estar assim,
ó cheia de doçura,
sentada, olhando as rosas,
e tão alheia
que nem dás por mim.


Eugenio de Andrade

Chamo-te

Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio
E suportar é o tempo mais comprido.

Peço-Te que venhas e me dês a liberdade,
Que um só de Teus olhares me purifique e acabe.

Há muitas coisas que não quero ver.

Peço-Te que sejas o presente.
Peço-Te que inundes tudo.
E que o Teu reino antes do tempo venha
E se derrame sobre a Terra
Em Primavera feroz precipitado.



Sophia de Mello Breyner Andresen

A minha infinita espera


Sentada no vão da escada vou sentido o vento soprando-me nos cabelos, e com os olhos húmidos das lágrimas que teimam em cair procuro-te lá longe.
Anseio avistar de novo a tua silhueta, na sombra e ouvir a tua voz dizendo que voltaste para sempre, por breves instantes julgo que tudo é real.
Levanto-me calmamente, sacudo o vestido que comprei só para ti, e num ápice corro para os teus braços abertos que sempre tão bem me acolheram. Choro muito, compulsivamente, desejando que este momento nunca acabe.
E tu, na tua calma habitual, com o sorriso ao qual já sei responder, beijas-me na testa. Um beijo tão doce e suave, como só tu sabes dar. 
E de mãos dadas percorremos o nosso caminho de emoções, o caminho que só tu sabes encontrar e no qual me desejo perder.
Solto o cabelo, olho atentamente para o teu rosto, percebo como és tão bonito, como és tão miúdo e sinto como te desejo. Tapo o rosto de vergonha e corada continuo a andar rapidamente. E quando olho para trás vejo-te correr para mim, numa brincadeira de crianças em que teimo fugir enquanto tu corres para me abraçar. Só que vais ficando cada vez mais longe, tão longe de mim e não chegas nunca. 
Eu abrando o passo, eu paro com esperança que me pegues, mas agora já nem te avisto, já não sinto a tua mão nem o teu rosto, e pergunto-me, porquê desististe tu de me apanhar? 
Eu não soltei a minha mão da tua... Tudo o que queria era que me seguisses, mas tu não vieste!
E agora no mesmo vão de escada gasto do tempo, com o mesmo vestido velho e amarrotado dos anos, vou soltando as mesmas lágrimas secas aguardando-te na minha infinita espera.
E na minha cara já enrugada perdura sempre a mesma questão,~
Porque não voltaste tu?

Juliana Ferreira

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Ju-A aglutinadora


A aglutinadora: a aglutinadora não é de forma nenhuma um ser estranho nem um fenómeno da minha percepção limitada. Trata-se de uma valorizada companhia que da um sentido parcialmente novo a expressão “aglutinação”!!! AMEN!
Ela gera uma composição de felicidade, junta a loucura espontânea e uma pata de rato! Ela e a alastradeira (mais uma rica amizade que tenho o prazer de possuir, a sua história contarei noutra altura) andam a aglutinar um ser aglosso, a minha pessoa, a um ser social completo, com capacidade de se movimentar entre as massas da globalização. Um milagre cumprido, um milagre milagroso, que nem o Messias em toda a sua santidade conseguiu alcançar.
Devido ao assunto anteriormente tratado e porque dentro dela forma um conjunto de atrocidades e realidades sinceras e magnificas merece pela eternidade a minha amizade incondicional! A amizade é algo muito bizarro mas completamente compreensível quando se encontra indivíduos estimulantes como eu encontrei.
Aconselho a todo e qualquer ser humano mentalmente instável relacionar se com esta personagem positivamente blasfema pois soluciona qualquer estado de loucura com uma contra-loucura fantastica!
Dedicado a minha cara ju, amiga das piores alturas e companhia nas melhores!

ass.:mi

Faz de conta


Faz de conta que eu estou hoje contigo e te aperto a mão com força.

Faz de conta que é só hoje que te dou aquele beijo e que sentes a minha presença. Que afagas a minha cara no teu peito, em que penso o quão bom é estar contigo.

Faz de conta que está calor, que estamos num caminho só nosso e permanecemos juntos.

Faz de conta que sentes o meu perfume e me ouves falar e rir de alegria.

Faz de conta que estou sempre aí tentando proteger-te das coisas más, porque tudo o que eu quero é proteger-te!

E faz de conta que me recebes perto de ti, porque hoje mais que nunca, eu fazia questão de estar presente!

Juliana Ferreira

terça-feira, 24 de julho de 2007

Ser poeta


Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!


Florbela Espanca

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Saudade


Sinto aquela saudade que me aperta o peito e me prende a voz.

Juliana Ferreira

Vai ficar tudo bem

E vai ficar mesmo tudo bem!
Sei que chegará o dia em que não iremos precisar dizer Adeus.
Que iremos caminhar lado a lado suportando tudo o que nos enfrenta.
E não vou precisar que me fales, que me digas aquilo que eu sei. Porque nada me perturbará e sorrindo não vou sentir medo em te olhar, em te tocar e poderei finalmente dizer aquilo que quero.
Vou finalmente sentir  todo o carinho que me transmites, aquela paz interior e vou pular de alegria por tê-la só para mim!
Contudo peço-te que não desistas de me encontrar, porque eu quero que me encontres e nunca me deixes abdicar desta forma de estar, por favor luta comigo!

Juliana Ferreira

Do acaso ao destino


Nada... Não sei ao certo como me exprimir, não sei ao certo o sentimento que me envolve e não me deixa soltar! Não sei se é O sentimento ou Os sentimentos! Não sei nada! Nunca soube!
Tudo se torna inacessível quando parece estar tão perto de ser meu! Uma explicação?! Não consigo encontrar, talvez a ocasionalidade da vida ou simplesmente aquilo a que chamam destino... Um destino que não posso aceitar porque também ele não aceita as minhas escolhas!
É a resposta ao estimulo em função das escolhas. As escolhas que temos de tomar sem pensar no amanhã, sem pensar que um dia nos possamos arrepender!
Desenhar o nosso caminho numa folha de papel, um caminho irreversível, com qual aprendemos a viver!
A minha consciência faz-me sentir limitada aos meus problemas. Busco em mim as respostas que  não consigo alcançar.

Juliana Ferreira

sábado, 21 de julho de 2007

Quem sabe!?


Quem sabe se tudo não vai correr bem e se eu não te vou finalmente encontrar! Quem sabe o que eu quero, o que tu queres, se nenhum de nós dois partilha o que sente.

Quem sabe se amanha não vou a correr para me encontrar contigo, refugiando-me no teu colo. E quem sabe se tu não gostarás.

Quem sabe se não vamos andar eternamente de mãos dadas, com aqueles sorrisos que adoro fazer-te, e quem sabe se não teremos tanto para dar um ao outro!

Quem sabe se não me descobres, entre tantas tentativas, e não me guardarás para sempre.

E quem sabe o que seremos hoje e amanhã, se entre tantas certezas e mistérios, não sejamos um fruto do acaso.

E quem sabe se até não resultará!

Juliana ferreira

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Last night


Canto baixinho com medo que a minha voz se torne insuportável. Toco-me no rosto e nos braços com a esperança que nada se apague da minha memória, porque afinal eu não quero que tudo isto se esfume num passado ou num futuro que não sei qual é!
Contudo sinto falta de cada minuto e se pudesse parava o tempo consumindo cada momento até ao fim.
E colocaria de lado todo o receio que me prende cada gesto e que me prende a voz, sendo assim obrigada a guardar cada pensamento dentro de mim. Não o quero esconder de ti, mas não o consigo libertar. 
Prefiro sorrir e olhar-te, tentando não esquecer nunca mais cada traço teu! E desejo sempre mais e mais, porque sinto que nunca nada é suficientemente longo ao teu lado. Porque o tempo corre e quando dou por mim estou perdida, num conjunto de sentimentos e emoções, que brotam de dentro do meu peito.
Confesso que perco o controlo como se fosse impossível comandar tantas emoções, impossível de tocar, de agarrar e desejaria que todos os dias fossem assim.
E sentindo aquele calor na alma que me aquece, me aconchega, procuro sempre aquele teu olhar, aquele teu sorriso secreto com a esperança que a chama que me sustenta nunca se apague.

Juliana Ferreira

terça-feira, 17 de julho de 2007

Inveja do pénis


Até me custa fazer de intrusa neste mundo maravilhosamente tranquilo. Mas o mundo esta cheio de contrastes e assim também o devera estar este blog. (Sorria, esta a ser filmado!)
Embora que a minha sensibilidade não chega a ser semelhante a da minha cara amiga, tenho igualmente algo para publicar, revelar e maltratar.
“Inveja do pénis”, conceito introduzido por Freud e que embora já contestado inúmeras vezes, justificadamente, ainda se manifesta em demasia nas conversas diárias a nível mundial, de algumas almas perdidas.
Vamos lá ver se ao repetirmos o conceito ele perde sentido?
…Inveja do pénis…Inveja do pénis…Inveja do pénis…
Já perdeu sentido? Não? Porque? (Fds…)
Porque nunca o teve, nunca teve sentido algum, nunca algum sentido teve.
Nos as famosas utilizadores de decotes para mostrar a nossa superioridade feminina (dependendo obviamente do tamanho e da firmeza) não necessitamos desse tipo de inveja pois concentramos maior poder de atracção que o sexo oposto, para além de não imaginar que o órgão reprodutor masculino fique estimulante em roupa interior feminina.
Não me considero feminista, nem tão pouco desgosto daquele órgão macho que em toda a sua funcionalidade provoca satisfação. Apenas escolhi este tema para reforçar mais uma vez que Freud, o meu caro amigo estava num caminho feito de gelatina, ou seja, instável e segundo a minha percepção não suficientemente fundamentado.
Podemos então considerar que existe uma inveja mútua, um compromisso saudável entre os dois sexos, aceitando e apreciando com prazer as diferenças.
No entanto, existem indivíduos que fogem a regra como a minha própria pessoa mas quem melhor para avaliar um tema se não o excluído dele?

ass.:mi

Sweet




Quando a vida me chama eu faço sempre questão de lhe responder!

Juliana Ferreira

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Vamos


Vamos enfrentar o mundo juntos e fazê-lo mais fácil? Vamos dar as mãos e sorrir juntos quando algo correr mal?

E sempre juntos vamos ser felizes? Vamos vamos..

Vamos cantar e pular de alegria mesmo nos dias frios, como hoje. E prometer defrontar fantasmas e monstros da vida, juntos?! Vamos? Va lá...

E sentir que já não há a tua vida, a minha vida, mas sim a nossa vida? Vamos sentir aquele calor que nos conforta quando estamos tristes e verter as mesmas lágrimas de insatisfação, juntos?

Não olhes assim para mim... diz que vamos!

Vamos iluminar o escuro e esquecer essa palavra má que é o desespero?

Vamos, por favor! Faz tanta força quanto eu para que sim. Aperta-me a mão se sim!

Mas não me deixes ir sozinha.

Vem comigo e vamos ser o mundo... Só hoje.

Juliana Ferreira

Adeus


"Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.


Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
As vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.


Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.


Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.


Adeus. " -Eugenio de Andrade
Juliana Ferreira

Esperando


E sentada no jardim

sinto o vento beijando-me de leve.

Levando-me pra longe dos medos terrenos,

imaginado-me livre da saudade.

Querendo dividir-me contigo

faço um esforço na minha mente,

Um esforço quase fisico e doloroso,

na ansia de te sentir presente.

Juliana Ferreira

domingo, 15 de julho de 2007

Cinco minutos


Cinco minutos bastariam para me acalmar, para sentir de novo o toque suave da tua mão e nele me perder!

Para sorrir com o força até me doerem as bochechas e quase chorar de emoção. E nesses cinco minutos me encontraria no meu mundo de princesa, feliz por saber sentir!

Cinco minutos chegavam para matar a minha sede de te ver e satisfazer-me com o teu toque carinhoso. Inundando-me a alma numa força brutal quase visível!

E com toda a certeza esses seriam os cinco minutos da minha vida.


Juliana Ferreira

As vezes acontece!


E sentada na cama, aconchego-me, apertando com força o peito na tentativa de controlar tudo que se passa.
Sinto-me no abismo, inconsolavel de me sentir só!
Não há nada que me ilumine com a força necessária para sair de lá, e fazendo-me de forte ignoro tudo o que se passa a minha volta.
Abri de novo o meu mundo pra o mundo e sinto com toda a convicção que foi um erro. Julguei-me preparada, quando na realidade, tento contruir uma personagem que ainda só tem corpo, faltando-lhe o essencial, a alma!
Sinto-me esbarrar naquele muro, que sempre me impediu de alcançar a luz, por qual tanto procuro, e sozinha, tento subi-lo, salta-lo num desespero que me vai consumindo.
Não sei nada, nem o que se passa, não sei se é alegria ou tristeza, se é dor ou angustia, se é felicidade ou incerteza, de um futuro que tenho tanto medo, de não conseguir suportar.
E agora sozinha no meu quarto, dou conta do monstro que tenho debaixo da cama, fazendo parte da minha vida,o medo da felicidade.



Juliana Ferreira